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Unesp de Ilha Solteira forma profissionais valorizados pelo mercado de trabalho
Fazendas que atuam como laboratórios e competições entre estudantes aprimoram o ensino e colabora para o desenvolvimento da cidade
Por Administrador
Publicado em 14/06/2025 10:38
EDUCAÇÃO

JORNAL DA ILHA - Educação

Ilha Solteira - A FEIS - Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira foi a única unidade universitária criada juntamente com a fundação da Unesp, no ano de 1976. Desde então, a FEIS acompanhou o crescimento da Universidade e também expandiu sua área de atuação: se no momento da criação eram apenas três cursos, hoje a unidade oferece oito opções de formação em nível de graduação para os estudantes: Engenharia Agronômica, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Zootecnia, licenciatura e bacharelado em Ciências Biológicas e licenciatura em Física e Matemática.

Além da graduação, a unidade também se destaca com programas de pós-graduação, atividades de extensão junto à comunidade local e uma infraestrutura sólida de fazendas-laboratório que colaboram na oferta de um ensino superior de qualidade, público e democrático.

O diretor da unidade, professor Antônio Carlos de Laurentiz, explica que a gestão de um câmpus deste porte e com diferentes áreas do conhecimento representa um desafio semelhante à administração de uma cidade. Ao mesmo tempo, aponta o docente, essa variedade de carreiras e áreas do conhecimento traz diversidade e intercâmbio de saberes, um ativo valioso para a formação abrangente do estudante, e um diferencial do câmpus da Unesp.

Por essas e outras características, a unidade de Ilha Solteira está hoje consolidada como opção de ensino superior de qualidade no noroeste paulista, atraindo alunos de vários municípios da região e formando profissionais que são bastante requisitados pelo mercado de trabalho após a formatura. “A Unesp aqui na região de Ilha Solteira representa um pilar de sustentação na propagação do ensino de qualidade, trabalhando com os três pilares que constituem a missão da universidade pública: o ensino, a pesquisa e a extensão”, afirma Laurentiz. 

Com quase meio século de presença no município, a FEIS se orgulha de exercer um papel determinante no desenvolvimento social e econômico da região. “Nós valorizamos o impacto positivo que o câmpus de Ilha Solteira tem na região noroeste do território paulista. Sem ela, talvez o município não tivesse os mesmo nível de desenvolvimento”, argumenta a diretora da Divisão Técnica-Administrativa do câmpus, Cássia Cristina Rossi Ricci. 

O caso do câmpus de Ilha Solteira reflete uma política adotada pela Unesp desde a sua fundação de se espalhar pelo território paulista, levando oportunidades de formação no ensino superior que até então não estavam disponíveis em algumas partes do estado. “Essa característica dá oportunidade para moradores da região que não teriam acesso a uma educação superior pública de qualidade sem sair da cidade em que vivem”, avalia o diretor da unidade. “Por conta disso, nada mais natural que o perfil de estudantes matriculados na unidade seja formado majoritariamente por jovens de Ilha Solteira e de municípios da região”, diz. 

Além dos cursos de graduação, a FEIS oferece oportunidade de formação continuada em oito programas de pós-graduação, que oferecem opções de mestrado, doutorado e mestrados acadêmicos e profissionais. Ao todo são mais de três mil alunos matriculados anualmente nos diferentes cursos da FEIS - e a gestão se esforça para que esse número não diminua. 

O professor Alan Peres Ferraz de Melo, vice-diretor da faculdade, ressalta a oferta de uma série de políticas afirmativas, como as cotas para alunos oriundos de escolas públicas e a moradia estudantil voltada principalmente a estudantes em vulnerabilidade socioeconômica. O câmpus de Ilha Solteira tem o maior número de vagas em moradias do estado de São Paulo – são quase 300 –, além de refeições servidas no restaurante universitário e bolsas.

“A assistência social faz a classificação da vulnerabilidade para que os alunos sejam atendidos. O objetivo dessa política é não permitir que a condição socioeconômica faça com que o aluno abandone os estudos”, pontua o vice-diretor. “No fim do dia, o custo de um aluno que fica alguns anos na faculdade e depois evade o curso é maior do que a oferta de um auxílio que permite ao estudante se fixar e terminar o curso”, explica Melo.

Além disso, não é raro que este estudante beneficiado pelas políticas de permanência seja o primeiro da sua família a cursar o ensino superior, explica Laurentiz. O diretor destaca que um diploma de graduação na universidade pública tem um potencial transformador em famílias inteiras, mais um motivo que justifica o esforço em reter o aluno no curso. “Quando um estudante é o primeiro da sua família a se formar no ensino superior, a mudança social naquele núcleo familiar costuma ser gigantesca”, acredita.

Os alunos matriculados nos cursos da FEIS têm à sua disposição uma estrutura grandiosa, que pode ser comparada a uma cidade sem o receio de cair em exagero. A unidade conta com quatro câmpus, onde funcionam as salas de aula e os laboratórios, e onde está sendo estruturada uma incubadora de empresas. Além disso, há ainda o restaurante universitário e as moradias estudantis. 

Mas o câmpus de Ilha Solteira tem orgulho de oferecer mais que salas de aula. A unidade conta com a fazenda de ensino, pesquisa e extensão com mais de 1500 hectares, que costuma ser comparada a um laboratório a céu aberto, uma vez que os alunos dos cursos Ciências Biológicas, Engenharia Agronômica e Zootecnia podem conciliar o aprendizado teórico e prático a partir de interações reais com culturas agronômicas e rebanhos diversos. 

“Nossa estrutura comporta as fazendas, uma vegetal e outra de produção animal, que demandam uma imensa complexidade administrativa”, descreve Cássia. Para se ter uma ideia da dimensão e do esforço de gestão, a faculdade disponibiliza um ônibus próprio para realizar o transporte dos alunos da instituição até a fazenda nos dias de aula. 

Entre as iniciativas da FEIS que colaboram para uma formação de excelência tão valorizada pelo mercado de trabalho é a organização de equipes de competição acadêmica. Da mesma forma que os estudantes Agronomia, Biologia e Zootecnia contam com fazendas para fomentar a prática da profissão, estudantes dos cursos de Engenharia Elétrica e da Engenharia Mecânica participam de competições nacionais e internacionais dedicadas à construção de projetos de veículos terrestres e de aerodesign, como a competição de Carros Baja SAE Brasil ou a SAE Brasil AeroDesign.

Este é um novo olhar que a Unesp tem dedicado aos cursos de graduação, estimulando a competição saudável entre os estudantes do câmpus e com alunos de outras instituições. “Esses grupos de competição também podem ser chamados de laboratórios a céu aberto, porque também são uma oportunidade de o aluno exercer uma atividade semelhante à profissão ainda no período da graduação”, afirma o vice-diretor. “Outro dia ouvi um aluno falando que não gostava de Física, mas teve que aprender como ela e a Matemática atuavam na moldagem do design do carro porque ele estava participando de uma dessas equipes”, conta Melo.

Entre as missões da universidade pública, a extensão talvez seja aquela que executa de forma mais direta a aproximação e o diálogo com a sociedade. Por esse motivo, os projetos desenvolvidos no câmpus de Ilha Solteira junto à comunidade buscam estabelecer parcerias externas, como órgãos públicos e secretarias da administração municipal. As iniciativas atuam, por exemplo, junto à rede pública de ensino fundamental e médio, levando aos alunos dessas escolas conteúdos de robótica, meio-ambiente ou sustentabilidade. 

Conforme explica o diretor da unidade, os objetivos desses projetos também  podem envolver a qualificação para o exercício de atividades que proporcionem a comunidades mais carentes uma fonte de renda que os ajude a melhorar a sua qualidade de vida. Tal orientação, afirma Laurentiz, está em linha com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU). 

Em tempos de mudanças climáticas que impõem sérios desafios de mitigação e adaptação, a pesquisa científica pode ser fundamental na busca por soluções que ataquem esses problemas. E essas pesquisas também estão na lista de ações do câmpus de Ilha Solteira. “A Biologia já vem trabalhando com o assunto há um longo tempo, só que ninguém estava escutando direito. Agora está claro que será preciso dar mais atenção a essas questões básicas”, afirma o diretor. Laurentiz cita ainda áreas de pesquisas da FEIS que trouxeram impactos locais diretos, como trabalhos relacionados às ciências dos materiais, que desenvolvem novas tecnologias para embalagens, e o controle dos mexilhões que se fixam nas barragens de água e que podem causar sérios prejuízos ao setor elétrico. 

Os diretores fazem questão de ressaltar o papel da universidade pública como um espaço de desenvolvimento de novas tecnologias, e essa responsabilidade passa pelo investimento em educação. “Como professores e pesquisadores, nós ficamos preocupados quando o país quer adotar uma tecnologia pronta, comprada, ao invés de desenvolver a sua própria”, lamenta. “Para se tornar um país que desenvolve tecnologias relevantes para o planeta, é preciso investir em educação básica. Esse é um investimento significativo, mas o retorno também é”. Seja na atuação na rede pública por meio dos projetos de extensão, seja na formação de profissionais qualificados, o investimento na educação é uma preocupação permanente no cotidiano da FEIS. Um ensino de caráter público, democrático e de qualidade para seus alunos.

Fonte: Jornal da Unesp - São Paulo / Jornal da Ilha - Ilha Solteira.

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